segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Compasso torto

"Quisera eu, nesse torto compasso,
poder chegar lá, neste passo...
Quisera... Quisera poder tudo.
Mas poder tudo é não se aventurar...
Prefiro poder quase tudo, ou nem a metade...
Prefiro ainda imaginar que existe algo além
do mar, de onde o sol toca, de onde vejo uma linha...
A linha do horizonte distante, talvez,
quisera eu saber, sei lá,
a vida anda muito devagar,
a vida que desata os nós...
E nós, a sós, com a tv ligada,
a sala parece uma sauna,
e o amor dá uma desenfreada..
É, de olhos fechados eu pude ver
chegar, mas não estranhe não, amor,
tenho olhos no coração também,
e quisera eu nesse compasso torto,
almejar um barco além,
de onde estou, do que sou,
de velejar, mundo à fora,
com você...
Comigo. Conosco.
E pode velejar torto, eu não me importo,
mas vamos fazer do nosso amor um amuleto,
e guardar dentro de nós: corpos onde o compasso é torto,
balança, cai, mas não derruba o amor,
não congela os sonhos e só faz viver,
cada dia mais, como se fosse morrer,
mas eu prometo, amor, não vou deixar
nosso barco desaguar."

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